História
O Japão passava por uma série de mudanças comportamentais e
religiosas graças ao grande número de estudiosos chineses que resolviam passar
umas férias naquele belo arquipélago cheio de vulcões e terremotos (talves por
causa das águas termais, quem sabe?). Junto com as roupas de banho e os
bronzeadores vinham também toneladas e toneladas de manuscritos com os
princípios do yin e yang, Budismo, Confucionismo e o Taoismo, coisa pra deixar
qualquer monge xinto descabelado de raiva.
Todos esses princípios foram somados a uma certa
"moda" na época de se estudar os astros e suas influências na Terra,
bem como os pontos cardeais, colaterais e cia. ltda.
Para quem não sabe, o pensamento dos monges xinto naquela
época era exatamente o do pessoal da igreja católica na Idade das Trevas
"você desagradou os Deuses, Deus quis, não era da vontade dos Deuses
salvá-lo(la)". Quando você encontra uma saída para essas respostas irrita
um monte de gente que, ao contrário da Igreja, não tinha o poder de te mandar
para a fogueira. Vários dos novos ensinamentos vinham de cara com a tradição
xintoísta, o que inclusive gerou um decreto na época que o nosso querido Rei
Demônio Nobunaga Oda assinou feliz da vida ordenando o pilhamento de todos os
templos de religiões que fossem consideradas "imorais" segundo os
monges xinto (desde que eles concordassem que ele era filho de um Oni poderoso
e que não contassem a ninguém sobre seu caso com seu jovem aprendiz...trágico).
Mas voltando ao Onmyōdō, os ensinamentos passados por esses
sábios chineses que já tinham visto quase tudo daqueles lados do oriente somado
a crendice xintoísta e ao próprio misticismo do japonês criou um sistema
divinatório que mais tarde se tornaria uma febre entre a nobreza que vivia bem
indecisa sobre decisões importantes a serem tomadas (como por exemplo a cor da
tapeçaria imperial). Mais tarde, plagiando incorporando elementos do xintoísmo,
os Onmyoji também começaram a trabalhar como "espanta fantasmas" uma
vez que "suas" técnicas para apaziguar os espíritos eram muito
eficazes.
Um detalhe interessante sobre os Omnyoji é o fato deles
terem um tipo de "sindicato", isso mesmo! Os Onmyoji eram totalmente
controlados pelo governo japonês, e para manter uma certa postura amistosa,
todos os Onmyoji deviam ser XINTOÍSTAS, sendo totalmente proibida a prática do
Onmyōdō por parte do clero budista.
Dadas as explicações de como surgiu essa salada mista e de
como o governo se aproveitou de sacerdotes (por falta de melhor vocábulo)
hereges que se vendiam por qualquer ninharia para difundir o Onmyōdō vamos aos
ingredientes da salada em si.
Constiuição do Onmyōdō
Qualquer religião asiática que chineses entendessem na
época. É verdade, em sua composição está um misto de várias filosofias e
religiões chinesas, conceitos indianos e se duvidar você encontra até um
pézinho no oriente médio além do próprio xintoísmo que não suportava ver sua
crença misturada com "impurezas". Comecemos obviamente pelo começo.
Os principais elementos místicos do Onmyōdō são:
Katatagae: Ou o "mudar de direção", totalmente
tirado do Feng Shui onde cada direção em uma hora específica e um dia
específico pode te trazer sorte ou azar. Essa era a parte que a corte japonesa
mais gostava, se o Onmyoji dissesse que você está num ponto que te trás azar,
você deve ficar ali (seja aonde for) até a direção mudar. Ou seja, você ia
ficar preso no laguinho de carpas do imperador morrendo de vontade de ir ao
banheiro até a direção do sol mudar e você não ficar distribuindo má sorte por
ai. CLARO que a corte usava disso para pregar peças de péssimo gosto em
qualquer um que os desagradassem (e até entre eles mesmos).
Monoimi: Os famosos papeizinhos que a gente vê nos animes os
monges jogando nos onis, espíritos malignos e etc. Você escrevia num papel já
consagrado "Monoimi Fuda" (talismã monoimi) e a função que aquela
coisa deveria exercer (sumir com a má sorte, conceder saúde, riqueza...essas
coisas).
Henbai: E quem disse que só os ocidentais que usam pentagrama?
Os chineses também usam e conseqüentemente o Onmyoji também. Ok, não é bem um
pentagrama já que eles tem bem mais elementos e o uso é similar ao espelhinho
legal que você compra para praticar Feng Shui na sua casa.
Isso é só o básico do Onmyōdō, depois de algum tempo foram
incorporados vários elementos místicos de uma nova vertente Budista que surgia
no Japão, o Budismo Esotérico e mais ainda pela mitologia Taoísta que
emprestava várias cerimônias para seus Deuses para que os Onmyoji pudessem
extorquir ajudar os trouxas necessitados.
Aberrações que se vê por ai e considerações finais
Ver anime é legal, faz bem pra quem quer aprender um pouco
de japonês ou simplesmente passar o tempo, mas por favor... NÃO ACREDITEM EM
TUDO O QUE ELES PASSAM!
O que se vê por ai hoje em dia no material sobre esse
simples método DIVINATÓRIO é uma criatura com inúmeras cabeças e nenhuma delas
funcionando muito bem. Fala-se sobre criação de Shikigamis que nem foram
incorporados ao Onmyōdō e menos ainda podem ser criados ou ainda atacar alguém
(mais informações sobre esses seres lá na seção de entidades), mantras com
grafia e fonética totalmente errados e absurdos, invocações e evocações
inexistentes, conceitos do xintoísmo que iam claramente contra a própria
"filosofia" dos Onmyoji e por ai vai... fora que tem gente que diz
que Onmyoji é outra vertente do Onmyōdō sendo que na verdade eles eram os
sacerdotes.